segunda-feira, 24 de maio de 2010

IdIoSsInCrAsIaS

O guitarrista de uma banda de rock (que ninguém sabe o nome, pois estão muito chapados para se preocupar com isso), nos 15 minutos que antecedem sua entrada no palco mistura uísque com a droga do momento, fortíssima como sói ser, sobe no palco de cócoras. Depois de uma hora consegue empunhar seu desafinado instrumento e desfere uma série de acordes sem sentido. -
Um mendigo veste uma camiseta rota de seu time do coração, faz embaixadas com uma bola de meia defronte os carros a cada sinal vermelho e passa seu boné velho, como ele mesmo, a angariar moedas para tomar cachaça no boteco da esquina, para enganar a fome e ter a única experiência social tangível a um morador da selvagem rua. -
Empresário, herdeiro, novo rico, talvez não nessa ordem, 30 anos, toma novas pílulas e vai para uma festa em uma mansão no Morumbi, a noite inteira experimentando todos os drinques disponíveis e inventando outros (o comprimido vermelho e azul o deixa com uma aparência apresentável, apesar da intensa confusão mental), então flerta com aquela loira monumental que procurava justamente um playboy endinheirado, excitado, ébrio. -

- Ele desce diretamente nos braços da multidão delirante, ele é o ídolo, todas as garotas o querem, todos o acham o máximo, ele protagonizou os sonhos daquela multidão...
- Ele fala sobre seu time, é o mesmo de todos no bar, todos o cumprimentam e lhe oferecem um trago, falam a mesma língua a noite toda...
- Eles se arrastam para o banheiro mais próximo, transam loucamente, um sexo suado, louco, ardente, até o gozo e o beijo doce de despedida, ele teve a noite perfeita com a mulher ideal...

... ele sai daquele lugar, triunfante, desprovido do efeito das drogas que consumiu, devagar, e vai embora, sem olhar para ninguém, vencedor, cair no leito, desfrutar a glória! Ele sorri.

Nada é mais poderoso que as drogas, o descaso com a opinião alheia e a autoconfiança; estes, podem fazer muito bem ou muito mal (nestes casos, bem, em muitos outros, mal, vale a pena?), isolada ou separadamente, em maior ou menor grau, e às vezes são amigos da tolerância e da admiração, trazem comunicação e empatia, valores em desuso nos dias de hoje, infelizmente.

Basta alguém ser diferente, possuir algumas idiossincrasias inusuais (todos tem suas manias), para choverem horrendas agressões e críticas destrutivas (raros os que constroem através de críticas).

Quem dera todos pudessem ser como o profeta Seixas que ria de tudo isso.

Quem ri, transcende.

Poucos os que riem livremente.

Felizes os que são e estão por aí, reunidos, celebrando a vida, em vez de sofrê-la.

Um comentário:

  1. todos são iguais
    mas alguns são mais iguais que os outros

    tu, não. tu, sim, é um e
    é único.

    faça o que tu queres, moro, pois
    tu merece. ehhehe

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